Pela Folha de São Paulo
Se passar a escrever "idéia" sem acento a partir do dia 1º de janeiro vai parecer estranho, pior será a confusão causada com as novas regras de português e as atuais coexistindo.
O governo federal, o Senado e a Câmara dos Deputados vão ignorar o início da vigência do acordo ortográfico, concebido para unificar a grafia da língua por países que falam e escrevem português (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal).
Apenas o Supremo Tribunal Federal vai cumprir as novas regras desde o início. O órgão passou os últimos três meses treinando técnicos e revisores para que todos os documentos produzidos passem a ser redigidos pela nova norma no primeiro dia de 2009, como está definido em decreto.
Apesar de terem regulamentado o acordo e o início de sua vigência para 1º de janeiro, o Executivo federal e o Congresso não se prepararam para cumprir imediatamente a sua própria decisão. O acordo ortográfico foi assinado em 1990, mas regulamentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dia 29 de setembro deste ano, por meio de um decreto.
Na ocasião, Lula defendeu as mudanças: "É o reencontro do Brasil com suas raízes mais profundas. Como avançar sem fortalecer a língua, como produzir bens culturais e didáticos sem uniformidade?", disse.
O Executivo entende que não está descumprindo o acordo porque há um período de transição de quatro anos, até 31 de dezembro de 2012, para adoção obrigatória das novas regras. O governo não tem ainda nem perspectiva de quando passará a usar a nova grafia.
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